Textos

A ERA DE AQUÁRIOS E O ANO DE 2012

Flávio Marcondes Velloso

À luz da obra de José Augusto Lopes Sobrinho, tudo está no éter e não há contornos. Por certo o ano de 2012 virá e, com a velocidade com que anda a Terra, bem mais cedo do que procuramos protelar, adiar, perceber, admitir.

Faz-se corrente a observação de que nenhuma data anterior a essa foi tão importante para tantas culturas, cientistas e governos, ao mesmo tempo, na espera de algo extraordinário. Solstício de 21-12-2012? Inversão do campo magnético da Terra? Cataclismos? Aniquilação da raça humana? Início de um outro tipo de mundo?

Em um sentido apocalíptico, o nosso planeta já deveria ter sido acabado inúmeras vezes, como na virada do ano de 2000 ocorreria o “bug do milênio”, entre inúmeras outras alarmantes previsões, premonições, profecias, algumas delas centenárias senão milenares...

Inegável, todavia, o momento histórico. Passamos de 2000 e seguimos rumo à fatídica data... Em outras palavras, de conformidade a estudos dos astros, estamos nos anos finais da Era de Peixe, na aurora da Era de Aquários, que deverá representar um ciclo de grandes transformações. Transformações positivas, inafastáveis!

Especulações à parte, fato é que o homem não suportaria mais o continuísmo de sua imatura e contraditória civilização. A pretexto de se alcançar o presente e de se preparar o futuro, sua história é quase toda de sofrimento, de egoísmo, de grito, de dor e de exaurimento. Já houvesse germinado o amor universal, a grande chave para a era que se avizinha, não teríamos feito do planeta redutos de opulência circundados de bolsões de miséria. A propósito, é isso o máximo que conseguimos?

Não bastasse tamanha disparidade e incoerência, as providências diplomáticas com o intento de conter o grave aquecimento global, nomeadamente o Tratado de Kyoto, em quase nada vêm resultando, de forma concreta, estando a Terra esquentando-se aceleradamente e todos os seus percalços, em consequência, sentidos. O desequilíbrio humano refletindo no meio, por sua postura devastadora, implacável, equivocada, egocêntrica.

O homem ainda não aprendeu a amar, o único e profundo propósito de seu nascimento sobre a Terra, o amor incondicional, a generosidade. Torna-se lógico, racional, portanto, uma necessidade inadiável de profundas transformações. Eis o peso do ano de 2012. Identificado por variadas e diferentes fontes, dos místicos aos cientistas, como um marco sinalizador para um novo estágio, supostamente o ano da instalação integral dessa Nova Era, muito além dos fenômenos geográficos, climáticos e de uma efetivamente drástica mudança terrena, não tão silenciosamente em curso.

Motivo para pânico ou renovada esperança? Como nos prepararmos para essa transformação? Tal necessidade já é latente e cada vez mais intensa em nossos corações. Apenas teríamos que deixá-la fluir em nós, para a qual não basta mais sermos simplesmente humanos, é preciso que cultivemos o nosso interser, a nossa consciência e atuação social responsável, respeitando-se a tudo e a todos, considerando cada um parte desse todo e, por conseguinte, parte de nós mesmos. Não haverá alternativas outras: - ou vamos por esse caminho ou vamos por esse caminho.

Especula-se muito, fala-se muito, sobre o ano de 2012 e a Era de Aquários, mas verdadeiramente não há motivo para pânico. Pelo contrário! É preciso sim, que nos preparemos, com lucidez, amadurecimento, serenidade, discernimento.

Para a evolução da vida na Terra, sempre foram as necessidades que impulsionaram os homens e assim é chegado um tempo decisivo à humanidade. E que bom! A nós nos será dada a grande oportunidade da transformação para melhor, da transmutação para a nossa essência primordial. Um invulgar “salto quântico”, dentro da perspectiva de um universo autoconsciente, na expressão de Amit Goswami, físico da Universidade de Oregon, autor de “A física da alma”. A Era de Aquários, que se estabelecerá, renovará todos os nossos sentimentos mais elevados, resgatará princípios universais perdidos, ignorados por desatinos mundanos. Um novo conceito de riqueza a ser firmado, pois rico será aquele que respeitar a Terra como o seu próprio e maior tesouro e amar a toda forma de vida nela existente, de todos os reinos, bem como os seus iguais, não se pretendendo sobrepor a quem quer que seja, animais, minerais etc. Souber usar e compartilhar os recursos excedentes, estando os direitos humanos em primeiro plano, flexibilizando-se a noção de estado, nacionalidade, soberania etc.

Temos assistido, embora sem nos podermos eximir de nossa condição elementar de protagonistas do espetáculo, a sensíveis amostragens de transformações e caos, nos mais variados níveis e áreas da atividade humana. Consola-nos justamente que, depois do colapso do egoísmo, virá uma civilização baseada na espiritualidade, amor, respeito, responsabilidade e fraternidade. De que lado estaremos, cabe a cada um de nós desde sempre. Afinal a Terra se pronunciará com toda a força exigida.

Dentro da fórmula de sucesso que mistura pesquisa com ficção, no presente ano teremos o lançamento de “2012, o filme”, cujo trailer já pode ser visto em http://www.youtube.com/watch?v=mn1IqCreb_c ou http://www.youtube.com/watch?v=uXcwkcvFJZI , com legenda em português.

Em suma, é bom que entendamos, é bom que percebamos todas as nuances da engenharia da vida, do degrau evolutivo do planeta nesse instante de modificações, desnudamentos e metamorfoses... Locais, mundiais, interpessoais, íntimas, essas as mais importantes. Tentemos compreender que a Terra está sendo acabada e paradoxalmente renascida a cada pulsar da nossa existência. Dizem que os antigos profetas erraram, que o mundo não acabou e nenhuma das previsões estaria certa... A próxima, por sinal, seria exatamente em 2012, segundo se especula do calendário maya, dentre outros tantos estudos. Mas será que não acabou, será que erraram? Acreditamos que não! Todos acertaram, em algum aspecto, a seu tempo! Como daqui a quatro anos igualmente, com maior ênfase, na plenitude do advento de uma nova fase, de um novo alinhamento, a esperada, apontada Era de Aquários, sem conflitos, sem guerras, sem inquietações, sem angústias e ansiedades, sem intolerâncias.

Atentemo-nos! O velho morre a todo instante para que o novo ressurja! Estamos a tratar, especialmente, de valores, com graves consequências para a integridade humana e do meio-ambiente, a cada descuido ou acerto da nossa espécie. O resto independe de nós. Façamos a nossa parte por completo, sem nada exagerar ou excluir.

É bastante recomendável nós nos revermos a nós mesmos nesse tempo de que dispomos. E se nada parecer dar certo, tentemos uma vez mais o amor. Essa é a senha. Sempre, sempre.

Flávio Marcondes Velloso, 46, professor, é membro da União Brasileira de Escritores, do Colegiado Buddhista Brasileiro, da Associação de Direito e Economia Européia da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, do Instituto Pimenta Bueno da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, autor de “Direito de Ingerência por Razões Humanitárias em Regiões de Conflito”, de “Tribunal Internacional de Justiça, Caminho para uma Nova Comunidade”, dentre outros títulos publicados no Brasil e no exterior. Cursou Economia e Filosofia na The School of Economic Science, Londres, Civilização e Cultura na Université de la Sorbonne, Paris. Encontra-se atualmente em sua terra natal, Guaratinguetá, SP, a escrever o seu novo livro sobre o “Buddha Crístico para o Terceiro Milênio”. No perfil de seu blog http://fmarcondesvelloso.blogspot.com , com reflexões diárias, outros blogs também de sua autoria
podem ser visitados.
Flávio Marcondes Velloso
Publicado no Recanto das Letras em 28/02/2009